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Elói Mendes - CarnaElói - História do
Carnaval
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A
origem do Carnaval vem de uma manifestação popular anterior
à era Cristã, tendo se iniciado na Itália com o nome
de Saturnálias - festa em homenagem a Saturno. As divindades
da mitologia greco-romana BACO e MOMO dividiam as honras
nos festejos, que aconteciam nos meses de novembro e
dezembro.
Durante
as comemorações em Roma, acontecia uma aparente quebra
de hierarquia da sociedade, já que escravos, filósofos
e tribunos misturavam-se em praça pública. Com a expansão
do Império Romano, as festas tornaram-se mais animadas
e freqüentes. Na época ocorriam verdadeiros bacanais.
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No
início da era Cristã, começaram a surgir os primeiros
sinais de censura aos festejos mundanos na medida em
que a Igreja Católica se solidificava. Querendo impor
uma política de austeridade, a igreja determinava que
esses festejos só deveriam ser realizados antes da Quaresma.
Os
italianos adotaram, então, a palavra Carnevale, sugerindo
que se poderia fazer Carnaval - "ou o que passasse pelas
suas cabeças" antes da Quaresma, numa espécie de abuso
da carne.
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A
festa chegou a Portugal nos séculos XV e XVI, recebendo
o nome de Entrudo - isto é, introdução à Quaresma, através
de uma brincadeira agressiva e pesada.
O
evento tinha uma característica essencialmente gastronômica
e era marcado por um divertimento entremeado com alguma
violência. Fazia-se esferas de cera bem finas com o
interior cheio de água-de-cheiro e depois atirava-se
nas pessoas.
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Os
mais ousados, no entanto, começaram a injetar no interior
das "laranjinhas ou limões-de-cheiro", substâncias mau
cheirosas e impróprias e a festa foi perdendo sua alegria.
Foi exatamente esse Entrudo violento que aportou no
Brasil.
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Na
segunda metade do século XIX, o jornal Diário da Bahia
e a Igreja Católica criticavam e pediam providências
às autoridades policiais contra o Entrudo. Quando se
aproximava o domingo anterior à Quaresma, todo mundo
"entrudava". Apareciam pelas ruas em forma de bandos
os "Caretas" envoltos em cobertas, esteiras de catolé,
folhas de árvores e abadás - uma espécie de camisa de
manga curta bastante folgada, atingindo a curva dos
joelhos, que os negros usavam. No Entrudo, molhava-se
quantos andassem pelas ruas, invadia-se casas para molhar
pessoas e não se importava que fosse gente doente ou
idosa.
Em
1853 o Entrudo passou a ser reprimido com ordens policiais.
Mesmo assim, as "laranjinhas" e gamelas com água continuavam
existindo. Foi exatamente neste período que o Carnaval
começou a se originar de forma diferente, dividindo-se
em duas classes: o Carnaval de Salão e o Carnaval de
Rua. O Carnaval de Salão tinha a participação de brancos
e mulatos de classe média; o Carnaval de Rua, contava
com negros e mulatos pobres.
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Em
1860 o Teatro São João começou a realizar arrojados
bailes de mascarados, na noite de sábado, iniciando
as festas com músicas baseadas em trechos da ópera italiana
"La Traviata".
Em
seguida, eram tocadas valsas, polcas e quadrilhas. O
evento contava com a participação das pessoas de bom
nível social, que trocavam os bailes realizados em suas
casas pelo do teatro.
Na
época, havia o perigo do homem formado e do negociante
serem vistos mascarados. Em razão disso, casas de fantasias
e cabeleireiros, como os famosos "Pinelli" e "Balalaia"
mantinham especialistas em disfarces.
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Como
os bailes carnavalescos não estavam ao alcance de todos,
nem de acordo com a moral de muitos, era necessário
estimular a sua ida para a rua. Por isso, os sub-delegados
foram autorizados a distribuir gratuitamente máscaras
a quem quisesse brincar o Carnaval.
Várias
comissões passaram a ser nomeadas pelo chefe de polícia
e a comissão central, juntamente com outras comissões
paroquianas que distribuíam máscaras, facilitavam a
aquisição de outros adereços, bem como a providência
de banda de música. Os comerciantes logo aderiram à
idéia de olho no melhor faturamento, e começaram a adotar
o Carnaval em substituição
ao Entrudo.
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Em
1870 os mascarados avulsos, estimulados pela polícia,
e os bailes públicos começaram a ganhar terreno, embora
o Entrudo ainda se mantivesse vivo. O ambiente para
a realização do Carnaval passou a ficar melhor com o
surgimento do "Bando Anunciador", que saía às ruas convidando
todos para os festejos. Nos
clubes e teatros, foram surgindo competições entre os
grupos e famílias que ostentavam roupas e jóias para
mostrar quais associações e entidades eram mais elegantes
e grã-finas. O pioneiro Teatro São João passou a organizar
seus bailes com um ano de antecedência.
Em
1878, o grupo de Carnaval de rua, "Os Cavaleiros da
Noite", aparecia pela primeira vez num salão em grande
forma, no Teatro São João, causando um verdadeiro "ti,
ti, ti". Dois anos depois - com um número maior de bailes
por toda a cidade -, Salvador contava com 120 mil habitantes,
que concentravam recursos financeiros e grande poder
político. Havia, portanto, dinheiro, poder e fartura,
e todo esse esplendor passou, então, a ser retratado
nos salões e bailes de Carnaval. Só para se ter uma
idéia, as roupas, adereços, enfeites, chapéus, bebidas,
jóias, sapatos e meias usadas nas festas eram importadas
das melhores casas de Paris e Londres.
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Ao
mesmo tempo, palanques e bandas de música proliferavam
na cidade. Surgiam também vários clubes uniformizados,
como "Zé Pereira", "Os Comilões" e "Os Engenheiros",
fantasiados com "Cabeçorras" e outras máscaras. Como
as comemorações cresciam, convencionou-se que o Campo
Grande seria o lugar para os mascarados se reunirem
nos dias de Carnaval e, de lá, saírem em bandos.
Em
1882, o comércio iniciou o costume de fechar as portas
na terça-feira de Carnaval, a partir das 13 horas. O
Carnaval de máscaras e o desfile dos clubes, ficavam
então, mais animados depois das 14 horas.
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Cinco
anos antes da Proclamação da República, a cidade, habitada
por cerca de 170 mil pessoas, organizou o seu primeiro
grande Carnaval de rua. Era uma festa com grande influência
européia, como quase tudo o que existia no Brasil naquela
época, com luxo, requinte e comentários elogiosos.
Fortemente
influenciado pelo requintado Carnaval de Veneza, na
Itália, e mesclando a presença de tipos do popular Carnaval
de Nice, na França, o Carnaval de Salvador deu o primeiro
passo rumo à popularização com a participação de muita
gente nas ruas.
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Fonte:
Entursa
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